domingo, 4 de outubro de 2009

(Vivo?)

Só pra dizer que eu tô vivo mesmo , passando bem e respirando.

É que nos últimos tempos eu tive de trocar a ficção pelas redações da versão etapada da Vênus das Peles e me concentrar com periféricos e teses em vez de motoboys e ônibus lotados. E não as publico aqui pois tenho pena do tempo de vocês. XD

Enfim.

Seguimos com o Eduardinho way-of-life e tá tudo certo.
Ro-naldo!

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Sobre a Arte de se Fazer Uma Mixtape

Um post atípico, só pra comentar essa que é uma das atividades mais divertidas dos tempos modernos. Ou praqueles 10 minutos que faltam do tempo mínimo de um Simulado NENEM. ¬¬

Gravar uma coleção de músicas não é tarefa pra qualquer um. Não é simplesmente escolher uma seleção de dez (como cabiam nas antigas fitinhas K7 que meu pai ou Rob Fleming gravavam) , quinze ou vinte canções (nos CD-Rs que hoje a gente usa e que sinto que entrarão em extinção com pen-drives. Vale lembrar: um pen drive com quinhentas músicas passa longe de ser uma boa mixtape). Tem que saber escolher e ter noção.

Depende , é claro , do seu propósito com a "fitinha". Se você quer pagar de mala com aquele seu amigo que também literalmente escava bandas , se você quer impressionar aquela gata da sua sala , do seu escritório ou do seu prédio , se você quer simplesmente mostrar quem você é a uma pessoa desconhecida. Bom senso é fundamental. As regras variam de acordo com o objetivo , mas algumas coisas são fundamentais:

1 - Nunca coloque as músicas mais "arrasa quarteirão" de uma vez só. A pessoa que vai ouvir se entusiasma com as primeiras , depois cansa e seu disquinho foi pro buraco , amigo.

2 - Pense numa sequência pras músicas se encaixarem. Ou simplesmente tenha noção de aumentar ou diminuir os bpm's ao longo do tempo. Colocar Ramones e depois Joan Baez pode fazer todo o sentido do mundo pra você , mas vai chocar o ouvido do seu alvo. (A menos que ele seja aquele vizinho chato que você quer literalmente irritar).

3 - Não seja desleixado com o visual. Uma idéia visualmente bem apresentada ajuda. E muito.

Tem outras coisas , mas aí é muito particular: tem gente , como eu , que gosta de escrever alguma coisa sobre a seleção em geral ou sobre as músicas em particular. Cada música tem um pequeno significado , uma razão de estar ali , ora essa!

Claro que fazer tudo isso dá trabalho. Mas é muito divertido! Eu juro. Mesmo. :). O que você está esperando pra fazer a sua?

domingo, 23 de agosto de 2009

Menino, Menina

"Vem morar comigo nesse apartamento
Estamos uns sobre os outros
E temos satisfação"
(Pavão Macaco, Wado)


Sim , agora eu quero ir a fundo nisso tudo. Agora que você sabe que eu já te amo tanto e eu sei que você me ama, eu quero conhecer seus pais , seus irmãos , seus avós e a sua cachorra. Quero te chamar pra tomar um sorvete no domingo à tarde com sol na pracinha perto da sua casa, um vestido florido e uma flor no cabelo.

A ordem das coisas se altera sem você. Os livros da estante continuam lá , intocados , a não ser por algumas palavras que eu roubei deles pra te fazer sorrir. Os meus discos também já não tocam mais. Tudo o que eu quero ouvir é o som da sua voz , meu abrigo e meu destino. A vontade de te encontrar (e eu não encontro razão) , uma mensagem de amor.

E enquanto o tempo passa rápido demais , eu não vejo a hora dele passar mais rápido ainda. Eu quero ir morar com você , esperar você chegar em casa com a comida pronta e a mesa posta à luz de velas. Eu quero te dizer boa noite e bom dia todos os dias , ver o teu sorriso antes de sair correndo pra rua. Dormir ao teu lado , tendo certeza que eu divido a cama com a mulher que eu amo.

Terna e totalmente , amo.

sábado, 22 de agosto de 2009

De Maneira Alguma Tragicamente

É muito tarde , é tão tarde que eu mal consigo escrever um texto inteiro e mantê-lo com nexo. Eu não sei exatamente o que eu quero dizer agora, uma vez que meus ossos doem depois de dias e dias nesse deserto de sal e concreto que me quebra em duas partes e acaba sendo o que importa. (Mesmo que hoje eu só cante a canção do velho Zé Rodrix).

Mas no fundo , no fundo , eu só sei de uma coisa: eu queria ser apenas aquele muro vermelho pichado no caminho do metrô (de maneira alguma tragicamente).

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Deserto de Sal

Mesmo com todos os lados bons e os fatos felizes que habitam a minha vida , há a impressão de viver num deserto de sal. (Nunca conheci quem tivesse levado porrada. Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo).

Deserto de Sal
(Wado/Alvinho)

Se a tristeza fosse tanta que permanecesse muda:
Então seria pior
Ainda há esperança no chorar soluçante,
No cantar gritando
Nos ombros, como papagaios, carregava corvos
E dentro dos lábios o silêncio mudo
No peito um cemitério de ex-amigos mortos

E enterrar os mortos, desapegar os ossos
Confirmava a vida o que é bom: desprendimento

Ainda há vontade de andar: o que é bom
E embotado nos olhos,
O negrume vazava de dentro da carne

No peito um cemitério de velhos sonhos mortos
Nenhum plano vagava no deserto de sal
E num dado momento parecia até que o sol ia nascer
E era mais uma estrela decadente
No deserto de sal

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Luz de Poste da Rua

Para Camila de Lima Leal

"Amo somente o vazio e me acalmo danando"
(Me Acalmo Danando , Ângela Rô Rô)

Ela abre a janela e fica pensando na vida. Nas tantas mudanças de casa , num mundo melhor , na solidão de se viver numa cidade grande sem amigos por perto pra chamar prum passeio a qualquer hora num dia de semana. A luz do poste da rua ilumina a sua face justamente no momento em que ela só pede um cigarro e um copo de cerveja pra poder dormir feliz.

Há alguns meses que ela não sabe o que é sentir um cara. Não no jeito físico , isso é facilmente resolvível em um canto ou buraco , uma ida pra cidade antiga , qualquer coisa enfim. Ela precisa de um homem. Um homem que ela possa ligar às três da manhã pra não se sentir sozinha. Um cara atento às suas necessidades , mas que ela não precise dar satisfações. Que esteja lá pra lhe dar bom dia e dizer que ela é linda com um sorriso no rosto e uma bandeja de café da manhã na mão pra ela tomar na cama.

Mas ela não vê esse cara no seu mundo. Ele simplesmente não existe , e os que existem ela descobre um jeito estranho de repeli-los. Talvez não seja um problema dela , seja simplesmente o mundo moderno - old fashioned boys and post-modern girls. Ninguém sabe o que fazer nesse momento. Nem ela mesma.

São cinco horas da manhã. O sol começa a sair tímido na janela do seu quarto. É um novo dia a ser encarado - sem qualquer esperança de novidade. Mas com uma xícara de café fumegante pra aquecer seu coração. Por enquanto.

domingo, 19 de julho de 2009

A Marcha dos Invisíveis - Terminal Guadalupe

Remoendo os arquivos , eu encontrei essa resenha aqui do Terminal Guadalupe, feita há uns dois anos. É engraçado ver como as coisas mudam - hoje a banda quase acabou e ressurgirá no segundo semestre com nova formação , só remanescendo o vocalista Dary Jr. Enfim , ainda resta a idéia de que este é um dos grandes discos da década.

Terminal Guadalupe - A Marcha dos Invisíveis - 2007

Se há uma banda , que ao meu ver , tem a chance de alcançar o caráter messiânico da Legião Urbana e dos Los Hermanos hoje em dia , essa banda é o Terminal Guadalupe. Vindos de Curitiba , o quinteto liderado por Dary Jr (vocais e letras) e Allan Yokohama (backing vocals , guitarras e melodias) faz um dos melhores discos nacionais de 2007.

A abertura é com "Terminal Guadalupe" , canção que explica o nome da banda através da indignação com o mito que Curitiba é uma cidade desenvolvida("onde começa e acaba o mito/que trás perfeição(...)a tal cidade européia/só existe na ficção") - Guadalupe é o nome de um terminal de ônibus que divide a cidade entre a zona rica e a pobre. (N. do E: Eu guardo a mesma sensação com São Caetano do Sul).

"Pernambuco Chorou" , na sequência , é baseada no filme "O Prisioneiro da Grade de Ferro" e questiona a posição coxinha do rock nacional ("Quanto quem vende atitude/em comercial de refrigerante") e o sistema carcerário brasileiro. "Atalho Clichê" começa com um empolgante riff e discursa sobre erros e acertos , desculpas e confusões. "El Pueblo No Se Va" joga a discussão para o âmbito mundial , falando em dívida externa e a América Latina.

"O Segundo Passo" é uma grande balada que revisita a idéia da filosofia grega de que é "impossível entrar num rio duas vezes" para usá-la como incentivo ao carpe diem. Em seguida , vem "De Turim a Acapulco" que dispara imagens de loucura e incompreensão pra falar de escapismo e amor. Pra finalizar , a politizada "Praça de Alimentação" atira para todos os lados da política nacional ("A coleção de inverno do tucanato/E as roupas íntimas dos neo-petistas/A decadência das elites baianas") e instiga os jovens a não se alienarem. Se a mensagem chegará aos ouvidos de quem precisa ouvi-las , não se sabe ao certo. Mas que este é um grande disco , com certeza é.

A Marcha dos Invisíveis - 3º disco do Terminal Guadalupe. Produção de Tomás Magno , gravado na Toca do Bandido(RJ). Terminal Guadalupe é Dary Jr. (vocais e letras) , Allan Yokohama(guitarras e voz) , Lucas Borba(guitarras) , Rubens K(baixo) e Fabiano Ferronato(bateria). Tracklist: Terminal Guadalupe , Pernambuco Chorou , Atalho Clichê , Recorte Médio-Oriental , A Marcha dos Invisíveis , Cachorro Magro , El Pueblo No Se Va , O Segundo Passo , De Turim a Acapulco , Praça de Alimentação.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Roxão (O Nome do Peixe)

Enquanto eu estou em Itatiba , um texto aleatório pra vocês se divertirem. Nada de mais , já vou avisando.

Às vezes eu não acredito nos amigos que eu tenho e nas bobagens que eles são capazes de falar. O pior é que muitas vezes essas bobagens fazem todo o sentido do mundo. O Juca , por exemplo , me ligou essa semana pra me chamar pra ir na casa dele ver o clássico e a conversa acabou indo parar no peixe que o irmão dele , o Gustavo , ganhou.

- Mano , meu irmão ganhou um peixe. Sobrou pra mim alimentar o bicho , vê se ele tá bem , só trocar a água que ainda não...
- Se fudeu!
- Mas logo menos eu vou ter que trocar a água... e sabe o que é foda? Os nego aqui de casa não deixa nem eu escolher o nome do peixe!
- Mas o peixe é do teu irmão!
- Ah , mas sou eu que cuido... Eu quero que ele chame Mano Peixe.
- Pô , da hora... Mano Peixe é um nome muito foda
- Mas não , o povo aqui quer Roxão. Porra , ele já é roxo , vai ter roxo no nome...
- Roxão é mancada. Prefiro Mano Peixe.
- Ô! Mano Peixe... é mais legal até. Quando ele for fazer entrevista de trabalho... "prazer, Roxão".
- Só se for pra trabalhar no circo...
- Então mano , o que eu tô te dizendo... "prazer , Mano Peixe". Impõe respeito , tá ligado?!
- Tô! Concordo contigo!
- É foda... não pensam no futuro do peixe , meu!

sábado, 11 de julho de 2009

Feliz Ano Velho , de Roberto Gervitz

Feliz Ano Velho , de Roberto Gervitz

O letreiro no começo do filme já indica que esta é uma livre adaptação do livro homônimo do Marcelo Rubens Paiva. Tá , tudo bem , mas precisava carregar tanto assim nas tintas? A história do livro já é bem batida mas não custa relembrar: Marcelo , estudante da UNICAMP e filho do deputado Rubens Paiva , dá um mergulho e sofre um acidente , ficando tetraplégico. O livro conta a história da recuperação do moço e acaba por traçar um painel da juventude da virada dos 70 pros 80 , com muita sinceridade e deixando um sorriso no rosto do leitor. Marcou época , sendo lançado na Cantadas Literárias da Brasiliense.

Já o filme de Roberto Gervitz resolveu se esconder na famigerada "livre adaptação". Transformou Marcelo em Mário , inventou personagens a mais e exagerou na dose. O que era reflexão e riso no livro virou confusão e apatia no filme. Marcos Breda , que interpreta Mário , não tem carisma e muitas vezes fica com cara de bunda. O núcleo dos deficientes físicos não se salva muito , seja pelo pseudoauxílio de Marco Nanini como Beto ou a rebeldia inútil do personagem Arnaldo.

Quem realmente dá alguma alegria à trama é Malu Mader - nos dois papéis de fêmea de Mário: Ana , a paixão platônica de colégio que vira namorada na universidade , e Angela , a bailarina - , Carlos Loffler e seu Klauss (mesmo que a música que os dois cantem seja horrível) , Betty Goffman (Soninha) e Julio Levy (Gorda). Eva Wilma como Lúcia, a mãe de Mário, também não decpeciona.

A fotografia e a direção de arte deixam muito a desejar. Talvez pelos excessos dos anos 80 ou pelo baixo orçamento disponível à época , a opção de carregar nos tons escuros e frios por muito tempo das cenas torna a história pesada e entendiante. A trilha , essa também não ajuda. Enquanto o livro falava muito de Gil, Caetano , Beatles e rock'n roll , o filme fica só nos sintetizadores repetitivos típicos da década.

Talvez seja esse o grande problema do filme. A década. Primeiro: investimentos pra cinema no Brasil dos anos 80 eram quase nulos. Segundo: a cafonice do audiovisual da época contaminou o filme. Se fosse refilmado hoje , nas mãos de um cineasta competente como Jorge Furtado , faria miséria. Aqui entre nós, vai: leia o livro , esqueça o filme.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Mudança

"We're going home
You and I have memories

Longer thanthe road that stretches out ahead"
(Two of Us , The Beatles)

Ando meio aéreo nos últimos dias. Não sei se é simplesmente a sensação de perceber o tempo se esvaindo pouco a pouco - e as férias são terríveis para isso , ainda mais essas de agora quando eu ouço cada vez mais perto o grito de "School's Out" entalado na garganta. Entalado? Taí uma coisa que eu não sei ao certo. Eu reclamo e reclamo , mas eu gosto da escola. É bom ter esse esquema de esforço e mérito - você trabalha e é recompensado por isso. Dá orgulho de ver aquele 10 no alto da folha. Não sei - e provavelmente não vai ser a mesma coisa com o meu editor-chefe.

Mas como eu vinha dizendo - aliás , marca essa horrível pra voltar ao texto depois de uma digressão inesperada - o tempo passa e e ando aéreo. Terça que vem eu mudo de casa. Não é só uma simples mudança ,mas é a primeira vez que eu mudo desde que eu nasci. Meus últimos dias têm sido completamente marcados por encaixotar coisas e ajudar meu pai com os móveis novos - ele resolveu que ia fazer e restaurar uns móveis pra casa nova, precisa de ajuda (mão de obra barata e escrava , como ele diria) e acaba sobrando pra mim. Ok , ajudar é legal e não só vagabundear também , mas poxa , eu queria descansar e ler... mas não , vamos mudar pra "casa nova".

E é bem engraçado pensar nisso: essa casa nova não vai ser "a casa da infância , onde eu cresci" , mas apenas um complemento do rito de passagem. Ninho estranho , novo e bonito , mas que eu pretendo abandonar logo - morar sozinho em Sampa é um dos meus primeiros objetivos depois de começar a trabalhar em algum lugar. Talvez por isso eu ande aéreo. Pros meus pais é a casa dos sonhos. Pra mim é só mais um estágio , e tento economizar forças pros próximos saltos.

Sei lá , só um desabafo. Ou uma maneira de dizer: ei , vou ficar fora por uns dias porque eu tô mudando de casa. Querido diário, eis o último escrito da João Galego 168. Vai deixar saudade. =).