quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Santiago

"Cerca o peixe, bate o remo, puxa corda, colhe a rede, ô canoeiro, puxa a rede do mar".
(Canoeiro, Dorival Caymmi)

Qualquer dia desses compro umas pranchas de madeira , umas boas ferramentas e me fecho na oficina durante um bom tempo pra fazer um barco. Boto o violão no saco, uns bons livros, algumas roupas e uma vara de pescar e levo o barco pro mar. E saio mar aberto mar adentro a procurar dentre as ondas não um sentido pra viver , mas uma conexão entre eu mesmo e a natureza.

Falando assim eu sei que sôo como um intelectualóide procurando a iluminação. Não é bem isso. Eu só queria realmente sentir o mar. Conviver com o sal e o sol , passar os dias a pensar e esperar um marlim ou um atum morder a isca , limpá-lo e cozinhá-lo e comê-lo com um pouco de arroz comprado no armazém á beira-mar. De vez em quando um jornal com os resultados do futebol e no fim do dia uma boa cerveja preta na mesa do bar. Chamar-me Santiago ou Dorival ou qualquer outro nome de pescador.

Porque a vida pode ser feliz sendo simples. Porque me parece muito mais amarga a morte cinza da cidade. Porque é doce morrer no mar, nas ondas verdes do mar - mesmo com todo o sal curtido na pele bronzeada de sol. É doce, doce morrer no mar.

Um comentário:

60B disse...

é bonito, é bonito.