terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Rap-new-year

"All is quiet on New Year's Day.
A world in white gets underway.
I want to be with you, be with you night and day.
Nothing changes on New Year's Day."
(New Year's Day , U2)

Porque nada , nada mesmo muda num dia de ano novo.
Ou nos quatro ou cinco dias antes dele.
Mesmo quando tem um cara no banheiro cantando Agnaldo Timóteo.
Um texto ruim só pra falar: eu estou vivo e aqui.
Espero que isso não seja uma constante em breve.

Cheers!
Zé no céu e Coca na terra!

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

O Ano dos Seis

"Ser leitor de blogs em pleno final de ano é uma merda. Afinal, em todos os blogs rola aquela reflexão sobre o ano que se passou e as etapas que terminam, a expectativa pelas mudanças do ano que se aproxima, enfim, um clichê total". (Marco Lopez)

E como não podia deixar de ser , depois da retrospectiva musical e tal , aquela coisa "pseudojornalista" , um post não-literário e talvez muito confessional pra fechar o ano. Estamos a dois dias do Natal e sabe qual a minha vontade de dizer oi pro Papai Noel? Nenhuma. Não sei se é pela sensação de "fuck , estamos terminando o ano e de certa maneira eu nem o aproveitei" , pela falta de dinheiro , por uma sensação de vazio ou qualquer coisa do tipo. Ou , pior de tudo , se é medo do "terceirão". Porque se eu já não tive tempo pra muita coisa esse ano , ou tive até demais e joguei fora , ano que vem vai ser fudido.

Escrever , sim , como sempre. Ouvir música e falar mal dela? Claro. Mas e os pequenos prazeres da vida? Como correr na chuva , deitar no sofá e meditar ouvindo música , rever os velhos filmes de fossa , dar-se ao luxo de ter uma fossa? Vão ficar para os quinze minutos do intervalo. Porque agora , meu amigo , é a hora de mostrar serviço. E não , eu não quero mostrar serviço , seu moço , sou muito jovem pra morrer de cansaço. Here we fucking go , já diziam os Glasvegas.

Olhando pra trás , foi um ano ótimo. Foi um ano de merda. Foi um ano bom , com alguns altos e muitos baixos. Novos amigos? Poucos , pra falar a verdade. Mas os poucos que chegaram fizeram a diferença. Ou simplesmente se aproximaram ainda mais a ponto de serem indispensáveis hoje. E meu deus , quantos litros de Coca-Cola nós devemos ter tomado esse ano? Por baixo , uns cinquenta , setenta litros. Foram muitas as Cocas. Haja crises , de amor , de falta de atenção , de briga com os pais , de identidade. E sempre o beijo da bebida amada pra ajudar.

My baby's gone (Glasvegas again). Teve o show do REM. E as tardes na casa do Will , jogando bola. E a quinta-feira do Pólo e o churras do Bina. As segundas e quartas no metrô Ana Rosa-Sumaré-Luz-Vila Mariana. Os almoços de segunda com o Bronha. As idas autistas à Paulista com o Bina no começo do ano. E o banho de chuva , lá em Janeiro , lembra? As mil festas de aniversário , as cagadas feitas em cada uma delas. A Gincana ("ei , eu vou abrir a gincana!") , os ensaios. E teve a Audição , despedida. Algumas aulas memoráveis. O almoço com o Leandro. Tocar violão no Centro Cultural. Beber água no A. Blackjack na aula do Rodrigo. Sabe , teve muita coisa realmente foda. E o engraçado é que a gente só lembra delas quando começa a forçar a memória.

Porque no mais , a gente sempre vai lembrar dos grandes acontecimentos. Namoradas , foras , fossas , brigas feias. Mas são essas pequenas coisas que a gente vai contar pros filhos. E bem , se não foi um ano incrível , heróico , como 1958 (the boy from Ipanima) ou 68 (valeu Zuenir!) , foi um ano pra se lembrar. Obamatic for the People. César Cielo no seu quadrado. The crisis , the crisis , the horror , the horror. 2008 valeu. O ano do Clube. O ano dos Seis. Eu tô cada vez me desvirtuando e misturando a minha vida com a do mundo todo. E eu poderia ficar aqui falando horas e horas sobre todas as pessoas e acontecimentos mágicos , especiais , passageiros , religiosos , amorosos , divertidos , engraçados , trágicos ou simplesmente marcantes de 2008. E bem , este aqui é dedicado de certa forma a todas essas pessoas e acontecimentos. Mas especialmente aos Seis.

O Bronha , no começo do ano , em meio a uma de suas crises , falou: "se bobiar eu não tenho nem seis caras pra carregar o meu caixão quando eu morrer". Eu pus me a pensar nisso - tentando tirar toda a carga funerária dessa frase. São os seis: ele mesmo , o Bronha , o Dinha , o Bina , o Zóide , o Negão e o Will. Cada um de vocês sabe bem porque é que está aqui. Eu espero. E se de certa maneira eu consegui estar aqui hoje , falando isso , foi graças bastante a vocês. Às piadas do Bronha nas horas tristes , as sessões psicológicas com o Bina , as jams com o Negão , às aulas e caminhadas e noites perdidas com Zóide e Dinha , à presença quase sumida porém sempre por perto do Will. 2008 foi nosso , galerinha. E 2009 pode chegar que a gente vai matar a pau , puta que pariu.

Zé no céu e Coca na terra!

Rapnewear! :D
PS: Se bobiar eu ainda volto aqui até o fim do ano. De qualquer maneira , bom Papai Noel pra vocês todos. E , como não podia deixar de ser , a recomendação da trilha. Olha , tem um disco muito bom dos Beach Boys cantando músicas de Natal. E tem o Elvis. E tem o Otis Redding fazendo "White Christmas" , que é um tesão. Mas a melhor de todas ainda é a nossa brasileiríssima "Boas Festas" , com os Novos Baianos.

sábado, 20 de dezembro de 2008

Top 10 Canções Nacionais 2008

1 - Wado - Melhor
Pra vocês verem que mudar de vez em quando é bom , mas custa tempo. Uma canção quase jorgebeniana , com o auxílio luxuoso das cordas.

2 - Cérebro Eletrônico - Sérgio Sampaio
Uma fantasia pós-moderna , um delírio , uma canção de amor. Os rapazes do Cérebro Eletrônico ressucitam Sérgio Sampaio nessa linda balada. Segundo lugar pra eles.

3 - Pullovers - Marinês
Depois de uma longa espera por material novo , o Pullovers aparece nos 45 do segundo tempo com essa bela canção , mostrando a herança que eles receberam do IRA! sobre a arte de fazer canções sobre São Paulo , aqui falando de uma aprendiz de contadora da Zona Leste.

4 - Tom Bloch - O Refém
Numa das letras mais bonitas da nova geração do rock brasileiro , Pedro Veríssimo compara o amor a uma cela de prisão e destrói qualquer coração na frase final: "Eu sempre soube que o amor é um seqüestro".

5 - Beto Só - O Tempo Contra Nós
Lembrando bons e velhos poetas da estrada , Beto Só constrói essa canção sobre um amor se esfacelando por culpa da vida cotidiana. Ou não.

6 - Violins - Entre o Céu e O Inferno
As letras pensativas de Beto Cupertino aliadas às já habituais guitarras do grupo goiano Violins dão o tom aqui. Com um jogo de oposições permeando a música toda , Beto conclui: "A lama e a glória são a mesma bosta".

7 - Wonkavision - O Ímpar Perfeito
A primeira das canções lançadas pela Wonkavision em 2008 é também a melhor. Uma pena que eles frustraram grandes canções como "Tanto Faz" e "Superpoder" , mas essa aqui valeu a pena. É ouvir e se apaixonar pela Manu.

8 - Moptop - Bom Par
Emulando alguma influência de Los Hermanos , o Moptop pede uma segunda chance e conquista qualquer um com essa bela canção.

9 - Lasciva Lula - Entre Gêmeos & Leão
Na despedida do grupo carioca , o EP "Lasciva Lula V" , emerge, entre as outras cinco canções , essa pequena jóia. É o velho Lasciva Lula de sempre , e eles vão deixar saudade.

10 - Gero Camilo - Jobinamente
Pra quem não se lembra , Gero Camilo é ator , e é o cara que casa com o Rodrigo Santoro no Carandiru. Mas esse seu disco de estréia é realmente uma surpresa , "Canções de Invento". E aqui está ele falando sobre São Paulo , sobre chuva , sobre Tom Jobim. Genial.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Top 10 Canções Internacionais 2008

1 - Coldplay - Viva La Vida
Chris Martin pode ser um bundão , mas fez a canção do ano. Pode ter plagiado a melodia do Satriani , mas fez a canção do ano. Pode ter escrito uma letra muito aleatória , mas fez a canção do ano. E que assim seja.

2 - REM - Supernatural Superserious
Jangle pop. É o que explica essa canção estar aqui: a batida de guitarra do começo. E claro , as letras sempre maravilhosas do Michael Stipe.

3 - Glasvegas - Daddy's Gone
Takeda já disse: sempre confie numa banda que use o riff de bateria de "Be My Baby" , das Ronettes. Ainda mais quando ela falar de pais ausentes e sobre arrependimentos do passado.

4 - Vampire Weekend - A-Punk
Hey hey hey hey. Um baixo sacolejante , bateria quase ska , riff de guitarra esperto. Isso só na primeira estrofe , quando não entram as cordas e um ritmo quase africano no refrão.

5 - REM - I'm Gonna DJ
A guitarra e a bateria entram como se o mundo fosse acabar. E ele tá realmente acabando , mas eu ficaria curioso pra ver qual seria a playlist do Michael Stipe , um cara que ainda coleciona vinis. Dá pra não gostar dessa música?

6 - Sigur Ròs - Gobbledigook
O velho Sigur Ròs de sempre. Só que com tambores africanos e um coral de vozes. Dá pra imaginar isso? Então tá.

7 - The Ting Tings - Great DJ
Tudo começa com uma simples guitarra. Depois de uns quinze segundos todo mundo já inicia sua dança. The girls , the girls. The boys , the boys. The strings. The drums , the drums , the drums , the drums.

8 - Cat Power - Song For Bobby
Olha , eu nem sou o maior fã de Bob Dylan que existe nesse mundo. Mas sabe quando você se sente feliz por alguém? É o que eu sinto pela Cat Power nessa música. Poxa cara , ela conheceu o Bob Dylan!

9 - Adele - Chasing Pavements
Toda boa balada soul tem esses ingredientes. Começa com alguma base simples, como um violão ou um piano , e a voz. E explode no refrão , todo o arranjo , de preferência com um agudo e um coro por trás. Soul de branco , mas valeu!

10 - Al Green - Lay It Down
O mestre fazendo música como o mestre.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Top 10 Discos Nacionais 2008

1º Tom Bloch - 2
Uma sonoridade dançante e ao mesmo tempo reflexiva , com riffs fuderosos de guitarra e letras que atestam a genética dos Veríssimo fizeram deste o melhor disco do ano. Ouça: "Entre Nós Dois".

2º Moptop - Como Se Comportar
Ao deixar pra trás o fantasma dos Strokes do primeiro disco e receber influências como Ennio Morricone , a banda carioca fez bonito e pode mostrar muito mais , quem sabe até sendo o Los Hermanos rockeiro que todo mundo esperava depois de Anna Júlia. Ouça: "Malcuidado".

3º Cérebro Eletrônico - Pareço Moderno
Puro tropicalismo anos 2000. A faixa-título do CD é nada mais que uma carta de intenções , e o pessoal do Cérebro Eletrônico - nome de música do Gil , aliás - deixa bem claro que boa música é com eles. Ouça: "Dê".

4º Violins - A Redenção dos Corpos
Vai deixar saudade o Violins. Autores de alguns dos melhores discos dos últimos anos como "Grandes Infiéis" e "Aurora Prisma", o agora ex-quarteto goiano deixou aqui sua despedida mezzo-Clube da Esquina mezzo-Radiohead/Muse. Ouça: "Corpo & Só".

5º Wado - Terceiro Mundo Festivo
Brazilianelectrofunkdiscoreggaetonafoxé. Abandonando o violão e com um conjunto de teclados + baixo + violoncelo + bateria + eletrônicas , Wado faz um disco que é isso tudo aí de cima. Ouça: "Teta".

6º Radiotape - Pequenas Coisas Me Fazem Feliz
God Save Teenage Fanclub. O Radiotape , de Minas Gerais , prova nesse disco curto de estréia que é possível fazer bom powerpop em português. Ouça: "Apostar em Você".

7º Wander Wildner - La Canción Inesperada
O velho bardo gaúcho lança um disco irregular , mas suficiente pra estar aqui. Entre os destaques , as regravações de "Amigo Punk" e "Without You"(Badfinger) e a boa nova "Wynona". Ouça:"Wynona".

8º Fresno - Redenção
Sim , Fresno. Por quê não? Eles têm boas melodias , um vocalista inspirado e uma bela produção por trás (olha lá com as piadinhas...). As letras podiam ser melhores , mas é querer demais de uma banda emo. Ouça: "Goodbye".

9º Columbia - O Que Você Não Quis Dizer
Depois de anos e anos no underground carioca , a Columbia solta finalmente o seu primeiro disco. Rock à la Travis + vocais femininos + letras fofas = boa diversão. Ouça: "Nove Horas".

10º Jonas Sá - Anormal
Remoçaram o Lulu Santos. Vai dizer que a voz desse cara não é igual a do ex-guitarrista do Vímana? Ouça:"Anormal".

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Top 10 Discos Internacionais 2008

Uhm... começando com essa aqui , que foi difícil de fazer pela falta de discos bons. Num ano um pouco mais decente , metade dos discos que estão aqui talvez nem estivessem. Que 2009 traga melhores ventos pra música internacional.

1º Vampire Weekend - Vampire Weekend
Tambores africanos + violinos + guitarras da geração strokes = disco do ano. Com graça e pesquisa musical , o Vampire Weekend levou a melhor em 2008 com canções simples e muito charmosas. Ouça: "A-Punk".

2º Glasvegas - Glasvegas
Mexendo no velho caixão do Jesus & Mary Chain e indo buscar na cadeia o bom e velho Phil Spector , os escoceses de Glasgow que superaram até o Merdallica na parada inglesa marcaram o ano com suas canções de abandono , conflitos amorosos e morte. Ouça: "Daddy's Gone".

3º Sigur Ròs - Med sud i eyrum vid spilum endalaust
O bom e velho Sigur Rós de sempre. Precisa dizer mais alguma coisa? Ouça: "All Alright".

4º REM - Accelerate
Depois de um disco mal-aproveitado , "Around the Sun" , de 2004 , o REM voltou à carga toda com este que é um dos melhores discos de sua carreira. Riffs e mais riffs , energia e letras de sobra , como sempre. Ouça: "Man Sized Wreath"

5º Guillemots - Red
A multinacional banda que tinha feito bonito em 2006 volta a fazer um bom disco , de grande fôlego no começo. Ouça: "Falling Out of Reach".

6º Little Joy - Little Joy
Hermano + brasileiro falsificado + loira fofinha + boteco na Califórnia = diversão. Se não ganha dos melhores momentos de Strokes e Los Hermanos, é uma ótima distração nesse ano que foi bem fraco de discos , pra falar a verdade. Ouça: "Brand New Start".

7º The Ting Tings - We Started Nothing
A velha receita de menina cantando e um cara por trás fazendo todas as maluquices sonoras. Você já viu isso em algum lugar... mas não com essa diversão toda. Ouça: "That's Not My Name".
8º Al Green - Lay It Down
O velho reverendo fazendo música como nos bons tempos. Vale pela volta. Ouça: "Lay It Down".

9º Adele - 19
Enquanto Amy Winehouse oferece sanduíches de queijo aos paparazzi , Adele tratou de fazer música. Pra quem espera a musa sair da Rehab , é uma boa. Ouça: "Chasing Pavements".

10º Coldplay - Viva La Vida or Death of All His Friends
Sim , é deprimente. Você sabe que um ano foi fraco de lançamentos quando é forçado a colocar um disco do Coldplay entre os dez mais. Pra falar a verdade , valeu pela faixa título , mesmo sendo um plágio fudido do Satriani. Ouça: "Viva La Vida".

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Tonight Tonight

A tentativa de fazer uma narrativa um pouco mais longa unida a uma garoa chata. Salve Billy Corgan e sua voz não-imponente.

João saíra da escola de música em rumo à sua casa como se nada tivesse acontecido. Ao som daquela música com ares de batalha e palavras que ele mesmo não entendia , preparava-se para qualquer acontecimento especial. Não chovia forte , muito menos fazia frio , a ausência de qualquer catástrofe metereológica lhe tirava mais o ar e a necessidade de uma delas o fazia ainda mais melancólico , apenas como justificativa para uma corrida qualquer , um sofrimento acolá.

A melodia vinha num crescendo assim como os pensamentos de João. Começou por considerar porque aquela criança com seios e bundas grandes já não o queria mais , atraída por um baixista. "Só porque ele tem olhos azuis e eu não? Ou toca muito mais músicas que eu ou já pegou muito mais meninas que eu?". E aquele sentimento o irritava , já que era amigo do baixista também. Mesmo que ele já tivesse conseguido roubar outro alvo seu , mesmo que ele fosse o popular entre as garotas , o adulto e João fosse só mais um moleque , saído do underground , sujo e barbado.

Tempo nunca é suficiente e você nunca pode largar mão de nada. João continuou andando , pedindo aos céus que chovesse e não apenas garoasse , garoa chata que apenas lhe incomodava , não chegava nem a molhar a roupa , só atrapalhava a vista e o pensamento claro. Considerou fazer uma grande bobagem à noite. Ele , que nunca tinha bebido , tencionou beber o primeiro copo de cerveja. E o segundo , e o terceiro , buscando qualquer satisfação que seus cinco dedos não tinham conseguido corresponder nos últimos dias. O gosto amargo e gelado da bebida poderiam substituir os beijos que a criança não lhe dera.

Violinos , baixo , bateria cavalar. Ele não entendia , mas aquela música lhe roubava o ar. Armou-se de pensamentos e quase voltou à escola pra dizer boas verdades à criança. Das trocas de confidências ficou a certeza de que ela era uma aprendiz de comerciante do corpo. Ou pior , fornecedora gratuita de amostras nem tão pequenas. Era uma pena , apesar de tudo , apesar de só considerá-la para o sexo , era uma boa alma. Lembrou-se então de um filme. Dizia o conselheiro. Na verdade nada é amor , nem sexo. A grande arte , assim como a vida , é sobre conflito e dor e pena e desperança e amor disfarçado de sexo e sexo disfarçado de amor.

Mas João não era cool , diria o crítico em seguida. João passaria todas as noites em casa , ele não era cool. Procuraria qualquer enredo , qualquer mínima história pra se entreter. João seria perfeito para o mundo se o mundo fosse perfeito. E saiu correndo.

Procurou através das palavras um jeito de se acalmar. Como sempre fazia , já que as palavras eram suas e ele as interpretava do jeito que quisesse. Depois percebeu que eram apenas palavras jogadas num papel. E que ninguém , além dele , além da criança ou do baixista. Não fazia diferença pra ninguém. Se ele bebesse , entrasse em coma alcóolico , virasse gay ou fosse atropelado. Tonight tonight , ninguém se importava mesmo. E como um soldado de vanguarda , avançou sem saber nem sequer importar.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Grand Prix

Uma simples declaração de amor a um dos grupos mais brilhantes do rock dos últimos anos , os escoceses do Teenage Fanclub.

...

"Você também pode criticar um círculo por não ter cantos pontiagudos ou um restaurante indiano por fazer hambúrgueres ruins". (Nick Hornby)

A simplicidade é genial , eu dizia a ela. Por mais que possa estar envolta num arranjo de cordas por trás , é só uma boa melodia contagiante. É por isso que eu gosto tanto do Teenage Fanclub , continuei , eles não tem vergonha de serem simples , fazendo músicas com três acordes e falando as coisas mais clichês do mundo. Eles simplesmente são assim e me conquistam. É uma banda tão boa que até o nome é legal: um fã-clube de adolescentes!

São discos inteiros de melodia e discos inteiros de distorção. E o melhor deles mistura melodia com distorção , e o resultado é tão genial que até Neil Jung teria de ser ajoelhar perante. Nomes enigmáticos , estranhos , Bandwagonesque , Grand Prix , Howdy!.

Vai dizer que você não casaria com um cara que tivesse escrito "About You" ou "Guiding Star" pra você? Ela me respondeu que nem sabia que canções eram aquelas. Eu continuei falando: pena que você é morena , se fosse loura de olhos azuis , eu daria um braço pra ter feito "Sidewinder" pra você. Ela me olhou como se eu fosse um alienígena. Eu não vou nem comentar "Your Love Is The Place Where I Come From" , uma das coisas mais lindas que o homem já escreveu. Mesmo sendo um clichê. Um resmungo e um olhar de desprezo.

Eu bato a porta e saio gritando. É por isso que você não é a mulher da minha vida. Você não entende essa simplicidade , você só quer saber de letras barrocas e de guitarras vociferando notas. There're things there I'd like to do , I just don't know if they will be with you.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Ee Do Bay Bup

Ao som de , ah , bem , vocês descubram ao longo do texto. Sim. Mais um texto "eu sou tão frágil e a vida é tão difíiiiiiiiiiiicil". Talvez seja só o Sol.

This is world is not fucking easy , disse ele ao seu cérebro no caminho de volta pra casa. 'Se eu vivesse a uns cinquenta anos atrás , certamente tudo seria diferente... I believe in life , I believe in love , mas esse mundo mesmo só me prova o contrário. Um bom guerreiro tem uma boa espada , mas também um ótimo escudo , disse o conselheiro. Ele até pode esconder uma rosa atrás de seu escudo , mas não pode deixar que essa rosa seja vista pelo inimigo.

Será que valia a pena tudo aquilo? Uma marcha invencível? O que separa o adulto do jovem é a distância que um e outro acabam por fazer do seu trilho. Jogar tudo pro alto? E aquela história do comercial de margarina? Se afundar num café ou num copo de coca? Passar um ano inteiro dormindo?

A hole , a hole. My kingdom for a hole. A need for a reason. A simple prop to occupy my time? Ee do bay bup. Dee da da.

Bowie. Mercury.

Pressure.

The most exquisite Annie Lennox!

LáMi.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Fragmento de um Romance Inédito #2

Outro pedaço que pode vir a fazer parte do romance. É na verdade um excerto de um diário que eu escrevi certa vez e que de certa forma diz muito sobre eu mim mesmo.

Uma semana imperfeita , uma semana de oito ou nove dias , ela não soube dizer muito bem. A verdade é que ela vai viajar e vai me deixar aqui. "Eu faço parte da sua vida , eu não sou a sua vida" , ela disse no telefone pouco antes de partir. Eu não concordo muito bem com essa afirmação dela , eu ainda acredito que se deve viver em razão de uma pessoa , e o resto do mundo que se foda. Claro , tem todas as consequências más , como não ter amigos ou trabalho , mas eu ainda acho que quem tem um amor tem quase tudo nesse mundo. Não sei , vivi muito pouco e amei ainda menos. Desde quando eu me lembro que eu comecei a notar as meninas - uma hora elas não estão e outra hora elas estão lá , como diria Rob Fleming - e me apaixonar por elas , eu lembro de ter sido assim. Não tem jeito , eu fui educado com Julia Roberts e canções de amor. Não foi com Ayrton Senna e Raí , não foi com carros possantes e filmes de ação. De qualquer forma , em dezesseis anos , se amei de verdade por mais de três meses , foi muito. Não dá nem dois por cento - a quem está se perguntando , sim , eu fiz essa conta. São cento e noventa e sete meses de vida , pra três meses de amor. E agora que eu estava aprendendo a amar , ela vai se embora por uma semana.

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Cecília Ana

Se o Boina e o Takeda tivessem um filho , acho que esse seria o resultado.

Malditos meninos Belle&Sebastian. A cada noite que eu saio , é mais um deles que eu encontro e trago pra cama na esperança de não ser um Belle&Sebastian. Damned. Você conhece bem esse tipo de menino. É aquele cara sem um pêlo na cara , que tem cara de inocente e cachorro abandonado , usa roupas do armário do vovô e foram criados pela vovó no apartamento dos Jardins à base de purê de pêra.

Porque , sabe , Belle&Sebastian é até legal uma ou duas vezes , mas todo dia cansa. Te faz um cafuné no cabelo , te deixa com um sorriso bobo na cara , mas simplesmente não te satisfaz. Não te faz gozar.

Eu ando precisando mesmo é de um cara Pixies. Um cara que me leve à loucura , como o baixo da Kim Deal. Ela é gordinha e feiosa , uma gorda escrota , mas só por tocar aquele baixo eu tenho orgasmos múltiplos. Acho que eu pegaria ela só pra agradecer.

Isso sem falar no Frank Black. Ele pode ser feio e o cacete , mas ele tem cara de quem sabe fazer sexo. Ou você acha que alguém que escreve coisas como "Tame" , "Gouge Away" e "Hey" não sabe fazer sexo? Além disso , um cara Pixies às vezes tem um momento Belle&Sebastian. E até nisso , quando é pra dizer eu te amo , ele diz melhor. Escute "La La Love You".

Sexo. De uma maneira ou de outra , é tudo culpa dele. E se os Jonathan Davids não sabem transar , a culpa não é minha. Ao menos eu ainda tenho o Doolittle e um par de dedos.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Fragmento de um Romance Inédito #1

Um dia eu juro que ainda escrevo um romance. Enquanto isso , vou fazendo pedaços aleatórios dele.

...

Giovana me olhava de um jeito estranho de manhã. E eu mesmo não estava entendendo porque , ela que sempre me olha com carinho e blábláblá.

- Gi , o que foi?
- Nada...
- Fala logo , deixa de ser besta!
- É que você tá cabeludo , só isso...

É , pior que era verdade. Eu definitivamente tava necessitado de um corte do cabelo. Sabe quando você tenta deixar crescer e ele tá naquele estágio que ainda não chegou lá , simplesmente parece que você acabou de acordar e saiu correndo de casa sem tempo pra arrumar? Então , é exatamente assim. E pra piorar o negócio , eu ainda tinha um cabelo ruim do caramba , que não era crescia pra baixo , mas sim pros lados feito um black power.

A verdade é que eu tinha feito uma promessa pra mim mesmo. Assim como já tinha feito com a barba há tempos atrás (o que quase me rendeu apelidos como "Australopitecus" e similares e brincadeiras como "Esqueceu de comprar Gilette?") , eu decidi deixar o cabelo crescer até arranjar alguém. Na pior das hipóteses , o cabelo ia ficar grande o suficiente pra eu cortar estilo moptop. Quer dizer , estilinho Beatles pré Rubber Soul. Aí só iam ficar faltando os terninhos , a cara de inglês e tocar guitarra decentemente. É , quase nada.

...

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Por Fora da Rede

Uma brincadeira inocente dos meus tempos de ginásio. É um poema da época da Padoca do Mutante , o clássico blog do UOL dos Beatles , Dinha. :D. Vale mais como registro aleatório do que como outra coisa.

Ligo o computador na esperança de te achar
A conexão da internet falha mais uma vez
Erro do computador remoto
Ou servidor não encontrado

E mesmo assim
Não há página para exibir
Te procuro no MSN , você está offline
Não adianta , bad bad server!

Não entendo nada de HTML
Não sei o endereço do teu blog
Devo ser anormal , não tenho orkut
Nunca vi nada no YouTube

Minhas canções não estão no myspace
Minhas fotos não estão no fotolog.net
Pra mim Java é uma ilha do Pacífico
E Flash era o herói da televisão...

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Manual de Instruções

Mais um texto antigo e estranho do Noa. Tem mais de um ano e meio , e a parte engraçada sobre ele é ver certas coisas estranhas. Na época , a lembrança de que o Bina era um hooligan era constante. Hoje ele é mais tido simplesmente como um cover do Paul Young. Outra coisa engraçada são as citações. O primeiro "verso" do texto é Lasciva Lula , tem uma frase clássica do Will (as andorinhas etc) , um Beatles perdido. Sem falar no título do texto , nome de uma das melhores canções do conjunto gaúcho Superguidis. That's it!

Vai pro teu lugar , não me enche o saco , que eu não te quero mais aqui. Você foi um erro da minha vida , mais um entre tantos. Sim , eu sei disso , eu sei que eu erro e eu não quero lembrar disso também. Você pode dizer que eu sou inteligente , mas que essa inteligência não serve pra nada. Na verdade ela serve , mas não pra você. Vá pro raio que o parta. Eu sei que não sou um cara ruim , então algo há de errado aqui.

Porque eu era imaturo e idiota - e de fato ainda sou. Porque você me parecia razoavelmente bonita - eu ainda não usava óculos naquela época - e dava bola pra mim - um cara aparentemente carente e solitário. Porque naquele maldito ônibus tinha um loiro com cara de hooligan com idéias muito estranhas sobre o capitalismo , uma baixinha que não confiava em ninguém , um nerd estranho que amava matemática e churros e uma japinha estranha e nenhum deles parecia tão humano e interessante quanto você. O que depois eu descobri ser um erro. O loiro com cara de hooligan é hoje um dos meus melhores amigos e a japinha estranha é uma boa companhia.

Um dos mais famosos clichês a meu respeito é opinar sobre uma pessoa a partir dos gostos musicais dela. Bem , até hoje , apenas três pessoas falharam nesse clichê. Mas você não. Não dava pra sustentar um relacionamento onde o único ponto de encontro musical era o Snow Patrol - que é uma banda bacana , but - e onde a Avril Lavigne era motivo de ódio do meu lado e amor do teu.

Enfim , são muitos os erros. Agora , não venha colocar em mim a culpa do mundo ser injusto , do seu namorado ser um idiota , das andorinhas indonésias voarem para o sul ou de que te pegaram colando na prova de Física. Se fosse assim , eu mudava meu nome pra Murphy e ia viver isolado na montanha , um nowhere man qualquer. Brigas , picuinhas , incomodações , existem aos pares. E elas não valem nem um pouco a pena pra mim.

Faça-me um favor então: esqueça que eu existo e que eu habito o mesmo universo que você. Faça de conta que eu sou um mero desconhecido. Será mais fácil - você poderá achar outro brinquedo onde colocar as dores do mundo e eu poderei viver em paz com os meus livros e as minhas canções. E da próxima vez que eu entrar em um relacionamento , não devo esquecer de pedir um manual de instruções.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Subfeelings

Insanidade das insanidades , um comentário sem texto. Uotaréu? Na verdade , tem texto sim. Só que não tá aqui , tá no Repostagens. XD. Tá , eu sei que muitos de vocês são preguiçosos e não vão procurar o link ali do lado , então vai aqui mesmo: http://repostagens.blogspot.com/ Trata-se de uma coletânea de textos sobre "subfeelings". Traduzindo mal e porcamente , "sentimentos subterrâneos" (a.k.a. Metrô). Divirtam-se enquanto as portas não fecham.

domingo, 9 de novembro de 2008

O Caçador de Pombas

Piração pseudo-modernista-pós contemporânea ocorrida numa quinta à tarde. Já tem umas duas semanas. O título é "inspirado" em Caeiro , e não em Hosseini , como disse o Zóide. É um poema maluco , portanto não liguem se parecer que este que vos fala devesse estar num manicômio.

Antes escrevia como quem brinca com as palavras
Hoje escrevo como quem paga impostos

Tornei-me escravo do meu próprio lirismo.
Mas não do lirismo dos clowns de Bandeira e
Sim daquele lirismo de quem escova
Os dentes
38 vezes por dia
Para cima e para baixo
Para baixo e para cima
Todo santo dia.

A verdade é que me sinto uma farsa
Nu
Em frente ao espelho
Não por isso menos uma farsa.

Meu pai sobe no telhado para matar as pombas
Eu também tenho matado muitos dos meus versos
Sono , gorduras , pensamentos inúteis de
sexoamoramizade&thewholethingaboutit.

Inventaram de me prender em um prédio qualquer
Esqueceram-se das janelas e do sol.
Minha pena acaba assim que o sino toca , assim que pagar todos os meus impostos e taxas sobre o uso das palavras.
Não será hoje , muito menos amanhã.
Mas quando eu finalmente disser algo tão perfeito que que que.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Melhor

Melhor , além de ser o título desta colagem de frases , é também o nome de uma das melhores músicas do ano de 2008 , do Wado. É realmente um samba meio torto , com teclado , violoncelo , baixo e bateria. E uma letra que eu tive a cara-de-pau de chupar em alguns versos aqui. Escutem-na.

Dançar um samba torto
Tomar banho de chuva
Ouvir o Jorge Ben
Fones de ouvido na orelha
Minha voz berrando
Um velho sapato
Molhada a camisa nova
Perdido de fato
Cai a chuva de novo
Fico ensopado
Mas isso é felicidade
Estranha felicidade

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

O Bom e Velho Amante à Moda Antiga

Tem certas horas que eu me sinto um velho. Esse post é fruto desses momentos , onde parece que o noermitão da montanha olha pra baixo e vê toda a humanidade perdida. O título é apenas uma tradução meio literal de "Good Old Fashioned Lover Boy" , do Queen. Mas me lembra um outro antigo texto da época da Padoca , "The Way Young Lovers Do" , baseado em música do Van Morrison. Enfim , divirtam-se!

O mundo está realmente perdido. Quando eu pensava que já tinha visto de tudo, eu me surpreendo de novo. As novas gerações estão assimilando coisas mais rápido do que eu acreditava. Ok , vamos aos fatos , porque esse papo de velho tá enchendo o saco já.

Uma quinta-feira qualquer como outra no Metrô , eu e Bina íamos em direção à Imigrantes para mais uma Coca-Cola e , fuck! , what a surprise. Encontramos pequenas versões reduzidas de nós mesmos , de uns no máximo oito anos , discutindo sobre relacionamentos. Era um menino feio de óculos e uma menina também feia. Percebia-se claramente que a menina estava a fim do menino , e ao mesmo tempo dava conselhos sentimentais pra ele. E obviamente , o menino não percebia nada disso.

Corta. Festa de aniversário da minha irmã de seis anos. Seis anos , na minha época , costumava ser aquela idade onde a gente brincava de ser a fim de alguma menina , só pra dar algumas risadas. Mas no final do dia, após brincar no parquinho , sujos de areia , a gente só queria saber é da batata-frita no jantar. Pois bem... uma zona completa a festinha , aqui em casa. Mas de repente , quando vejo , um casal de crianças subiu da garagem , onde era a festa , para se trancar no armário do MEU quarto pra ficar trocando selinhos.

Aí que eu paro e penso: onde é que essa juventude vai parar?!

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Passarada

"Whatever happened to the life that we once knew
Can we really live without each other
Where did we lose the touch
That seemed to mean so much
It always made me feel so
Free as a bird "
(Free as a Bird , John Lennon)

Diz o velho ditado: "Mais vale um pássaro na mão do que dois voando".

Eu não quero ter de libertar esse pássaro da minha mão.
De perto ele é tão mais bonito...
Mas pra deixá-lo vivo , eu vou ter de soltá-lo
Porque ele ainda não aprendeu a viver engaiolado
Talvez não aprenda mesmo , mas isso é da Natureza.

De qualquer maneira , um dia os pássaros voltam pra fazer seus ninhos...

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Arquitetura Moderna

Digamos assim , que essa é uma composição ingênua de uma prova de inglês , inspirada por uma conversa de MSN com o Tana , cuja paixão platônica me inspirou nessa que é a futura letra de um samba (o rascunho original inclui um pequeno "solo de pandeiro do Zóide"). O título se deve a Niemeyer , que sabe se lá porque entrou no meio dessa salada toda com uma citação sua. "Ela gostava do Bauhaus , do Bandeira , de Caetano , dos Mutantes , de Van Gogh e de Rimbaud". (Renato Russo).

Eu não faço mais rimas retas
Pois não sou o melhor dos poetas
Não quero saber da rima plana
Só quero as curvas de Mariana

O traço duro já não me interessa
Mesmo assim eu não tenho pressa
Espero paciente o final de semana
Pra ver passar mais uma vez Mariana

E apesar de tão parnasiana
Com ela a vida é doce como cana
Meu coração assim não se engana
Vem pra mim , ó Mariana

Tropicália , Superbacana , Copacabana
Num vem-e-vai que é tão bacana
Com meu coração não sejas tirana
Vem pra mim , ó Mariana

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

The Fly

Pequeno momento pseudo , metido e etc postando em inglês. O motivo? Sei lá eu!

The butterflies in your Times
Suddenly passed through my eyes
Entered on my mind and took me to fly
And I felt just like Icarus
But there's no sunshine today
I can still dream in these ways
Every colored butterfly still on my
Young and troubled mind
The man thought I was insane
I just flew with the butterflies on a plain
And I'm just free and by myself again

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

(Não há título)

Mais um velho , velho poema ressucitado do fundo do baú. Deve ter um ano ou quase dois , mas mesmo assim os sentimentos nele contidos são os mesmos , com apenas uma enorme mudança de personagens. Não é um grande poema , só uma versificação livre qualquer. Bem , divirtam-se crianças , pois é tempo de colheita.

Deixe as luzes acesas por mais alguns minutos
Quero gravar na minha mente as formas do teu rosto
As pessoas lá fora gritam , eu já não as escuto
Talvez você tenha me transportado para outro lugar
Talvez você mesma seja um outro lugar
Pode ser que eu esteja vendo fantasmas agora
Os velhos fantasmas que ainda insistem em me atormentar
Mas você simplesmente segura minha mão e fugimos dali
E caminhamos por uma longa e estreita estrada
Onde as curvas são insanas ilusões perdidas
E os meus olhos me dizem que por um longo tempo
Nessa estrada só existirão retas.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Bliss

"All I'm saying , pretty baby
Is la la love you"
(La La Love You , Pixies)


A felicidade é uma tarde ensolarada num ônibus com vento na cara.
Um dia que começou muito cedo , chegando atrasado , dorme de noite muito tarde.
A felicidade é dizer foda-se de vez em quando. E gostar dos Beatles acima de tudo.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Psicologia Pop #2: Mandamento Hold On Loosely

Aqui vai mais uma teoria bizarra da Psicologia Pop , idealizada por Alfred Bina e escrita por Noa Capelas. No texto de hoje , contamos com uma valiosa colaboração de Jaiminho Morello , que nos mostrou a canção e a verdade por trás de Hold On Loosely. Jaiminho , essa é pra ti , cara.

Quantos relacionamentos a gente já não viu serem desmanchados por culpa de ciúmes , superproteção , falta de liberdade e outros sinônimos? E eram relacionamentos bonitos , que davam certo , tudo perfeito pra durar pra sempre , não eram?

Àqueles que sofreram com esse tipo de fim , fica aqui o mandamento nº1 de qualquer relacionamento , com todos os méritos para o 38 Special: "hold on loosely , but don't let go , if you cling too tightly , you're gonna lose control" (segure fracamente , mas não deixe ir embora , se você apertar demais , você vai perder o controle).

O que esses caras queriam dizer é o seguinte: saiba respeitar os espaços e os limites do seu amor , ficante , peguete , namorado , seja lá o que você queira ser. Não seja extremamente ciumento , mas ao mesmo tempo , não diga que você não se importa. A medida entre o ciúme e a cabeça-aberta é bem difícil de ser encontrada , mas nada que um pouco de bom senso não ajude. Garanto que depois dessa música (particularmente , um clássico do southern rock) , você dificilmente terá outros finais por esse motivo.

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Top 5: Discos Para Cortar os Pulsos

Volto eu aqui a fazer algo que eu adorava fazer , mesmo não sabendo se fazia bem: críticas de música , de discos em geral. O tema desse post é inspirado numa série de audições dos últimos dias , onde eu cheguei à escolha de cinco discos que não fazem bem para qualquer hora que você esteja se sentindo um mínimo triste que seja. Existem outros discos bons para horas depressivas , estes cinco são apenas escolhas pessoais que vieram primeiro à cabeça. Domingos à noite solitários não fazem bem.

Não , não , não. Essa lista que eu vos trago agora é uma lista de discos que você deve evitar , não que você deve ouvir. Fuja deles , afaste-se dos seus giletes , estiletes , facas , quaisquer objetos afiados , pontiagudos ou laminados que te permitam cortar os pulsos. Mas chega de blablablá , porque dependendo do jeito que a coisa tá pra você , toda essa demora já pode ter tornado tudo tarde demais.

Arnaldo Baptista - Loki - 1974

Gravado logo após a saída de Arnaldo dos Mutantes , em 1973 , esse é um disco extremamente perturbado. Arnaldo dá vazão aqui a todas as suas neuras sobre o fim do relacionamento com Rita Lee (que faz backing vocals em duas faixas do disco). Outras participações interessantes são do maestro Rogério Duprat , nos arranjos , e de Dinho , baterista dos Mutantes. Faixas básicas que você tem que evitar: "Cê Tá Pensando Que Eu Sou Lóki?" , "Será Que Eu Vou Virar Bolor?" , "Navegar de Novo" , "É Fácil".


John Lennon - Plastic Ono Band - 1970

De certa forma , Plastic Ono Band é o irmão mais velho e gringo de Loki. A diferença básica entre os dois é que John Lennon , em vez de falar só sobre o fim de um relacionamento , expõe todos os seus traumas , desde a infância ("Mother" , "My Mummy's Dead") , até a religião ("God") e o trabalho ("Working Class Hero"). Além das acima citadas , deixe pra lá "Love" , "Isolation" e "Hold On".

Leonard Cohen - Songs of Leonard Cohen - 1968
Leonard Cohen já era um poeta consagrado quando decidiu partir pro campo da música. Gravando seu primeiro disco em 1968 , um dos anos de ouro do rock , Cohen expõe sobre uma base folk , de acordes soturnos , uma poesia melancólica , triste. Mais um detalhe da depressão do disco é a foto da capa , tirada por ele mesmo (a da contracapa é o desenho de uma mulher em chamas). Não ouça urgentemente: "Hey , That's No Way To Say Goodbye" (regravada por Renato Russo no seu "Último Solo") , "Suzanne" , "So Long, Marianne".

Damien Rice - O - 2002

O menestrel das novas gerações , Damien Rice , me fez chorar muito e curar muitas mágoas na época do ginásio. Aquela época onde eu tinha paixões quase platônicas e totalmente incompreendidas. Até hoje quando eu pego esse disco pra ouvir é duro segurar as lágrimas. De qualquer maneira , pule do seu windowsmediaplayer ou itunes ou coisa do tipo: "The Blower's Daughter" - é , aquela que foi infelizmente traduzida como "É Isso Aí" - , "Cannonball" , "Delicate" , "Eskimo" e "Cold Water".
O último a ser citado nem é um disco, porque só foi lançado em single , é uma música em si , mas vai te fazer querer cortar os pulsos ao som do clássico riff de baixo (existe isso , Noa?XD) de "Love Will Tear Us Apart" , do Joy Division. Ian Curtis era um depressivo do cacete , vamos combinar.
Argh , argh , deixem esse estilete longe de mim!

domingo, 12 de outubro de 2008

Tic Tac

"Tell me why I don't like Mondays"
(I Don't Like Mondays , The Boomtown Rats)

Tic , tac.
A porcaria do despertador da irmã não o deixava dormir.
Tic , tac.
E no relógio do vídeo cassete que anacrônico resistia naquele quarto mostrava 12:51.
Horário clichê , pensou ele.
Na verdade , não pensou nisso naquela hora , pois sua cabeça andava cheia de coisas.
Ele próprio andava cansado desse mundo, da problemática sem solucionática com a ex-namorada, da escola, da família, dos amigos que não queriam mais rachar Cocas.
Não dormiu naquela noite graças a uma dor de barriga dos infernos.
E quando conseguiu dormir , teve pesadelos.
Tic , tac.
Oi mãe , bom dia , porra , é segunda de novo.
Tic , tac.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Uma Canção de Agosto

Mais um texto desencavado do arquivo , mas este eu acho que é inédito. Uma ou outra idéia contida nele foi aproveitada em outra canção , "Setembro" , que é meio que irmã desta aqui , pela época , pela razão e pela melodia em si. (A propósito: esta é só uma letra , a quem interessar possa... XD). Uma última coisa: o primeiro verso é claramente uma referência à faixa de abertura do disco "Green" , do R.E.M. , que se chama "Pop Song 89".

Uma canção pop de 89
Uma tarde de sol e muito vento
Baby , sorry , I'm not in love
Nem ando pensando em casamento

O último beijo na cena final
Os nossos créditos que já vão passar
Não tenho motivo para ficar mal
Já que estou de volta pro meu lugar

Com os amigos mais uma Coca-Cola
Do meu tênis já gastei toda a sola
Em caminhadas por aqui e por ali
Hoje eu só preciso sorrir

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Psicologia Pop #1: Síndrome de Baba O'Riley

Este post é o post inaugural de um novo modelo de psicologia , a psicologia pop , idealizada por Alfred Bina e escrita por Noa Capelas. Hoje , a Síndrome de Baba O'Riley , que acomete onze entre dez adolescentes da nossa idade.

Ah , a adolescência. Aquela época onde todos somos rebeldes e insanos , brigando com nossos pais , não ligando para as instituições (escola , família , igreja) e principalmente , querendo chocar e experimentar de tudo. Álcool , cigarros , maconha e outras drogas , sexo , música , chocolates e todo e qualquer tipo de substância viciante.

Mas por quê raios os adolescentes tem essa necessidade de querer provar que são os caras , mesmo que dez anos depois percebam que tudo o que fizeram já foi feito anteriormente e nada mais choca? Pete Townshend, o guitarrista do The Who , também conhecido como o cara da guitarra-hélice , tem a resposta. Está lá , no disco deles de 1971 , "Who's Next" , na faixa inicial , "Baba O'Riley".

Está tudo lá: a arrogância e a prepotência ("I don't need to fight/to prove I'm right") , a necessidade de sobrevivência ("out here in the fields/i fight for my meals") e a perdição em si ("teenage wasteland"). O engraçado de tudo é que o próprio The Who serve como metáfora pra música. Começaram a carreira fazendo barulho e quebrando seus instrumentos , querendo morrer antes de ficar velhos ("My Generation" , de 65) e pouco tempo depois acabam amadurecendo e decidem lutar de outras maneiras , abandonando a rebeldia adolescente ("Won't Get Fooled Again" , do mesmo disco de Baba O'Riley).

Mas que fique bem claro: a adolescência é uma fase normal , onde é até saudável experimentar um ou outro cigarrinho. Desde que com responsabilidade e com auto-controle. Aquela coisa clichê comercial de cerveja. Aprecie com moderação e seja feliz.

domingo, 5 de outubro de 2008

No Rain!

Este não é um post convencional. É um post gay , é um post sobre mudanças de um ano pra outro , e talvez seja um post sobre a amizade.

Há um ano e algumas horas atrás , dois acontecimentos interessantes mudaram de certa forma a minha vida. Até hoje eu não sei dizer se o primeiro deles foi pra melhor ou pra pior , enquanto o segundo foi certamente pra melhor. Chega de rodeios.

O primeiro foi ter ficado com a Cinthia , a.k.a Sininho. Se por um lado foi bom , me tirou de uma fossa desgraçada e ainda me fez aprender algumas coisas sobre relacionamentos , por outro foi ruim , em algumas horas a sensação de tempo perdido prevaleceu. (outro retrato em branco e preto?). Eu ainda não voltei a falar com ela , mas é divertidamente engraçado toda vez que a gente se encontra. No show do Cachorro Grande , por exemplo , foi deveras tosco.

O segundo foi bem menos marcante quanto ao dia. Mas é uma data importante entre eu e o Dinha. Talvez porque ele também tenha ficado com uma guria que serviu de atraso pra vida dele (dó bemol!) , talvez porque a gente realmente se aproximou depois daquele dia , pois até então ele era o grande empolgado ("não , a gente tem que tocar wish you were here") com a nossa amizade. Depois daquele dia , nada mais foi igual. Ele me fez matar aulas , ampliou ainda mais o meu vício com Coca-Cola , teve participações especiais em alguns casos aleatórios e outros nem tanto e me levou pra Augusta. (ui!). XD

Analisando bem superficialmente , foi um ano de muitas mudanças. Algumas crises existenciais , outras crises amorosas , crescimento de amizades. O Dinha tá saindo do colégio agora e tá com aquela clássica crise melancólica: "não fiquei com a menina mais gata do colégio , nem tive a banda mais foda , nem fui o melhor aluno , nem fiz todo mundo ser meu amigo , nem nada. eu que queria ser o cara mais foda em tudo , não fui em nada". E eu disse pra ele que não me importava em ser ou não um dos melhores em alguma coisa. Porque apesar de tudo , era ali que eu acharia meus pares , os amigos que eu quero levar pra vida toda , pra serem meus companheiros de banda de tiozão aos quarenta , de truco aos cinquenta , de copos de Coca por toda a vida.

E aqui entre nós , por mais que cinco de outubro seja o dia de lembrar que eu fiquei com a Cinthia (e como eu sou extremamente minucioso com esse tipo de datas e coisas , não vou esquecer) , também de certa forma me permite a citação da frase final de Casablanca: "É , acho que aqui nasce uma grande amizade".

sábado, 4 de outubro de 2008

Três Excertos Sobre a Chuva

Chove lá fora. Me lembra você. Me lembro que eu nunca beijei você na chuva , e que nós combinamos de nos encontrarmos na próxima tempestade , quaisquer fossem as nossas condições.

Chove lá fora. Quero sair correndo e ir pra fora , como se as gotas de chuva me purificassem.

Chove lá fora , a girar , que maravilha , a girar , de braços abertos , toda de branco , que maravilha , a girar , que maravilha...

---

Continua a chover lá fora. Essa cidade é tão triste e ao mesmo tempo tão bela quando chove. Os homens e as mulheres e os seus guarda-chuvas e galochas e capas e sombrinhas. Todos correm da chuva.

Mas eu danço nela. Danço na chuva , como se nada acontecesse ou como se o mundo estivesse pra acabar agora. Danço na chuva.

---

Parou de chover. Aliás , está um tempo seco e quente que mal me deixa respirar. Há que ser sempre assim , um tempo pra chover e outro pra secar. Porque , meus amigos , a vida é feita de ciclos.

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Pseudo-Haikai

Pseudo-haikai feito na cama antes de dormir. All or nothing at all.

Ela bebe um cálice
de Coca-Cola. Provoca
a mim , Alice.

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Aprender a Voar

Há alguns meses atrás , falava eu com a Vivi sobre a minha felicidade:
- Vivi , eu tô feliz. Eu tenho amigos fodas , eu tenho uma banda , eu tenho uma menina. Que mais que eu preciso na vida?!
- Noa , você tem que saber que você pode ser feliz sem tudo isso , sabe?
E eu simplesmente não a compreendia. Para mim , a existência era só dedicada a ter ou não ter alguém.

Hoje , me peguei pensando nessa conversa de novo. Acho que foi uma conversa com o Dinha ontem à noite:
- Porra Noa... A sua banda tá andando mal das pernas , você tá sozinho e os seus amigos andam recusando Coca. O que tá sendo da sua vida?

E eu te respondo Dinha... sempre é possível ser feliz.

Eu também escrevi uma canção há alguma semanas sobre isso. Sei lá , a verdade é que as coisas andam muito planas por aqui , e tudo o que eu posso fazer é ler um livro antes de dormir. É só redescobrir a magia de andar pela cidade , de pequenos versos que você nunca descobriu numa música (o refrão de "Learn to Fly" do Foo Fighters quase me fez chorar hoje , às seis e vinte e cinco da manhã enquanto esperava o metrô) , de sorrisos e conversas quaisquer com amigos.

(E claro , reler o Takeda sempre deixa a gente com vários sorrisos no rosto. Eu devo dizer que TODO mundo tem que ler esse livro , o "Clube dos Corações Solitários" , mas isso fica pra outro dia.).

Stay safe tonite , my good fellas.

PS: Nada como um post que não é um texto organizado , só um monte de idéias juntas. :D

sábado, 27 de setembro de 2008

Bobagens Sobre Uma Tela Branca do Bloco de Notas

Você lia aquele livro verde do Veríssimo e dava suas risadas com as crônicas dele - e as suas risadas me faziam feliz naquele momento - , eu achando maravilhoso o livro curtinho do Galera e buscando algo que a história dele contasse que pudesse me dar uma sacada romântica pra chegar em ti - outra cantada barata que eu tirei das comédias românticas de Hollywood; essa eu acho que saiu do "Mensagem Pra Você" (entrelaçar livros com pessoas). Mas este é o grande problema , chegar em ti. Eu não sei se te amo , não sei se é só algo passageiro. Fato é que você não é qualquer guria , dessas que se encontram em qualquer esquina ou festa da cidade. Porra , você faz piadas tão inúteis quanto as minhas - e olha que as minhas piadas são totalmente inúteis - , escuta bandas que eu nunca pensei que outra pessoa neste país de terceiro mundo fosse escutar - mesmo que eu as tenha apresentado pra ti , mas também é pedir demais - e eu nunca achei uma guria que realmente fosse que nem você.

Confesso que se não fosse por você , eu nem teria ido no cinema com o pessoal hoje. Na verdade , eu não teria ido mesmo. Eu já estava indo embora quando percebi a bobagem que eu faria. Trocar conversar contigo pra ir na Galeria do Rock procurar uma camiseta do Weezer - putz , Weezer , meu Deus! , deveria ser uma banda que conta histórias com as quais eu me identificava no ginásio - seria uma grande bobagem.

E quando você me diz que quer escutar Regina Spektor , eu me sinto de certa maneira , feliz. Porque Regina Spektor me faz sorrir , porque eu te apresentei Regina Spektor - o fato do professor de história ter falado dela foi apenas um aceleramento do processo - e simplesmente , porque você me faz rir , e me faz feliz. Sim , eu estou sendo repetitivo. Sim , isto é para de fato você acreditar nisso.

Ruim for ter ido pra casa - e a minha casa é bem longe do cinema que a gente foi - sozinho , à noite , depois de uma chuva de verão , passando por lugares que eu nunca tinha visto. Dá uma depressão danada. A parte pior foi saber que ao chegar em casa eu não ia te encontrar , porque você vai numa festa que eu , tolo como sempre , não quis ir pois ficava muito longe de casa e acabei me arrependendo amargamente de não ter ido. Agora fico aqui escrevendo esta crônica idiota , tentando preenchê-la com elementos da cultura pop - algo que você valoriza , de uma maneira que eu também valorizo. Isto não passa de uma declaração barata de afeto , eu reconheço - o primeiro passo para corrigir um erro é admitir o erro. No caso , meu erro é continuar querendo fazer alguém gostar de mim por escritos , não por palavras. Talvez porque eu ainda seja muito covarde pra chegar em ti e dizer com palavras o que eu quero.

Não há nada como ter coisas pra escrever e ver essa tela branca do bloco de notas esperando pra receber milhares de caracteres. O problema é saber a hora de parar , quando o texto chega ao limite do repetitivo e do sacal. Quando o escritor está tão empolgado com seu texto e começa a escrever bobagens. Exatamente como agora. Ponto final.

---

Um texto bem antigo e sacado do fundo do baú para uma hora onde um post novo se faz necessário mas não há a mínima disposição para algo novo. Mesmo que a musa e o propósito não sejam os melhores , ainda considero esse , ao lado de um outro que está inédito , e do "Na Escada" , um dos meus melhores textos. É de certa forma um post dedicado ao Boina , um grande fã desse texto. :D Hahaha , Boina , seu estranho. Esse aqui é pra você.

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Aula de Matemática (ou Continho de Amor que Chegou Atrasado)

Na aula de matemática, a professora diz:
- Os binomiais são geralmente representados pelas letras n e k. Eles são representados pelo símbolo (n
k) e se diz "n escolhe k".
No meu coração também fiz uma aula de matemática. Mas esqueci-me do que a professora de amor, na aula seguinte, ensinou:
- Não é porque n escolhe k que k escolherá n. A vida nem sempre é assim.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Cover of Rolling Stone

Putz. Lá vou eu de novo , procurar o desconso... peraí , mas essa é não é a canção certa pra agora. Ou talvez seja.

Solteiro de novo , sem saco para fazer uma limpeza na cabeça a ponto de ficar sozinho por algumas semanas , lá vou eu de novo atrás de alguma distração relativa. Ou seja , meninas. As candidatas de agora , certamente não superam a antiga em vários aspectos , mas é necessário continuar se mexendo , continuar vivo. Como se a demonstração de "quero pegar alguém" significasse estar vivo. Malditos tempos modernos.

O meu problema é ser exigente demais. Cultura pop , beleza , All Stars. Conhecimentos básicos como Beatles e Killers - eu admiti os Killers como referência porque é uma banda que toda pessoa mais ou menos útil hoje em dia gosta. Ou pelo menos conhece o suficiente pra não gostar.
Mas às vezes fica meio foda. Você tá tentando se interessar pela menina , ela é gata pra cacete , mas porra , ela vai e dá uma bola fora...

-QUE REVISTA É ESSA????Você tem nas mãos uma Rolling Stone americana. Você tem três opções:
1 - Mandar a menina à merda por ela não saber o que é uma Rolling Stone.
2 - Ignorar a pergunta e continuar lendo sobre os 100 maiores riffs da história.
3 - Responder educadamente , dar um sorriso e voltar a ler.

Lógico que você deveria escolher a 1 , por mais gata que a menina seja. Mas você escolhe a 3. Malditos pares de seios e pernas. Malditos cromossomos. Maldito determinismo. Pop song. Baby darling. Como diria um velho programa de rádio da época do meu pai , "vamos ver o que acontece".

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Ao Som de Badfinger

Texto antigo , escrito em um sábado solitário qualquer e ressucitado agora pouco. Badfinger , para quem nunca ouviu falar (bastante gente!) , é uma das poucas bandas que tiveram a honra de ser contratadas pelo selo Apple. Foram eles que compuseram , entre outras , "Without You" (sucesso na voz de Harry Nilsson e , fuck! , Mariah Carey) e "Day After Day". That's it.

Dividido entre um pessimismo contido e um otimismo tímido sobre resoluções de um futuro próximo , percebo o que muitos outros já descobriram: que a rotina é elemento catalisador negativo em qualquer relação e que só os momentos a dois conseguem reverter isso. A falta de tempo engole o amor e o transforma em estabilidade , em comodidade , em qualquer coisa que não amor , que não paixão , que não é o que se buscou em tantos e tantos romances , das edições Nova Cultural vendidas em bancas de jornal às mocinhas sonhadoras até as grandes tragédias de Shakespeare.

No mais restam apenas alguns minutos ao telefone , e por mais que vozes e palavras sejam reconfortantes , após o "te amo" - falso ou não , acomodado ou não - final , a angústia e a saudade voltam instantaneamente. Nada como o contato físico , visual , e aqui não quero dizer nada sobre sexo ou coisas parecidas. A coisa do amor surge na troca de olhares , de carinhos , de percepções que vão além de qualquer frequência sonora transmitida por fios.

Por isso nunca acreditei em romances surgidos pela internet. Um grande amigo meu diz que a menina que ele mais amou foi uma namorada de internet que morava em Uberlândia. Perguntem a ele se ele ao menos conheceu o olhar da menina ao vivo. Não , não há. Não consigo entendê-lo até hoje , talvez até seja por isso que ele esteja tão diferente ultimamente. Mas este não é o assunto agora - e não quero ser chamado de digressivo , como costumo ser normalmente.
Por isso , lembro aos amantes de plantão o que já disseram muito: amem intensamente , aproveitem cada momento AO LADO da pessoa amada. Não precisa mesmo nem ser amada , que seja só gostada ou ficada. Aproveitem esses momentos , pois são eles os momentos que marcam. Olhem nos olhos dessa pessoa e o digam quanto gostam dela , por mais que isso não seja do seu feitio. Enfim. Amem de verdade. Amem. Porque no fim da história , o amor que você leva consigo é o amor que você também deu à outra pessoa.

sábado, 20 de setembro de 2008

Na Escada

Escrito nas escadas da Cásper Líbero , em mais um sábado de sol com Coca-Cola de um lado e o Bina do outro...

Românticos eram tuberculosos
Os hippies morreram de overdose
A Geração 80 sofreu com a AIDS
E nós hoje somos todos viciados em Coca-Cola

Mas somos jovens demais pra morrer de diabetes ou de infarto
Mesmo assim , morremos um pouco a cada esquina
Em cada gole ou inspirada de poluição dessa cidade..

Esse cavaco soa tão distoante e anacrônico...
Mas que som bom que ele dá!

Vontade de dançar sozinho por essas avenidas
Mas lembro que , baby , não sei dançar.

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Espelhos

Dois amigos conversam tarde da noite no telefone...

- Espelho é uma coisa engraçada.
- Como assim , cara?
- Você nunca parou pra pensar que a gente só conhece a gente mesmo instantaneamente se vendo no espelho?
- Cara , eu não sei o que você tomou , mas deve ter sido algo bem forte.
- Mas é sério. Pensa só: a gente sempre faz uma careta ou alguma pose bem estranha toda vez que a gente se vê no espelho. Só porque a gente não tá acostumado com a nossa imagem. A gente sempre se acha mais forte , ou mais bonito , ou mais magro , ou sem aquela espinha no nariz...
- Fale por você. Você é que come gorduras demais e acaba tendo espinhas.
- Não , não é disso que eu tô falando! A verdade é que a gente sempre acha que a gente é diferente do que a gente verdadeiramente é.
- Claro que não. Eu sou o João , nascido a 4 de abril , RG 34.876.271-X...
- Abstrai , cara , abstrai! Outro dia eu tava lendo aquele cara que você gosta tanto , o tal do Rubens Paiva , e um dos personagens dele dizia que quando ficava bêbado sempre ia se olhar no espelho. Taí , acho que bêbados e espelhos são a combinação ideal pra se achar o eu próprio.
- É , só falta o espelho. Porque bêbado você tá demais.
- Pára com isso , você sabe que eu não bebo.
- Sei.
- Então!
- Vai se olhar no espelho , vai.
- Viu. Consegui te convencer?
- Não. Mas eu digo que sim só pra você ficar feliz...
- Tá bom.- Boa noite então.
- Mas cara... eu já te disse que espelho é uma coisa engraçada?

(ad nauseam)

Anúncio de Refrigerante

"Sentado embaixo do bloco sem ter o que fazer
Olhando as meninas que passam
Matando o tempo procurando uma briga
Sem ter dinheiro nem prum guaraná
Passar as tardes no Conjunto Nacional
Contando os pobres, e os ecos e os ladrões
Com muita coisa na cabeça, mas, no bolso, nada"
(Renato Russo , Anúncio de Refrigerante).

Após insistentes pedidos e puxões de orelhas , aqui estou eu novamente. Dessa vez eu vou tentar não parar de postar simplesmente.

Quanto à proposta , se é que blog tem que ter essas coisas , é simplesmente narrar o meu cotidiano , o cotidiano dos meus amigos , uma juventude , que , com o perdão da modéstia , tem muita coisa na cabeça e quer algum lugar pra mostrar isso.

E vamo simbora , porque o que importa é escrever. É essa necessidade de se expressar e de ser feliz , nem que a felicidade seja um comercial de margarina (lembrança de infãncia , Oh Happy Day).