A tentativa de fazer uma narrativa um pouco mais longa unida a uma garoa chata. Salve Billy Corgan e sua voz não-imponente.
João saíra da escola de música em rumo à sua casa como se nada tivesse acontecido. Ao som daquela música com ares de batalha e palavras que ele mesmo não entendia , preparava-se para qualquer acontecimento especial. Não chovia forte , muito menos fazia frio , a ausência de qualquer catástrofe metereológica lhe tirava mais o ar e a necessidade de uma delas o fazia ainda mais melancólico , apenas como justificativa para uma corrida qualquer , um sofrimento acolá.
A melodia vinha num crescendo assim como os pensamentos de João. Começou por considerar porque aquela criança com seios e bundas grandes já não o queria mais , atraída por um baixista. "Só porque ele tem olhos azuis e eu não? Ou toca muito mais músicas que eu ou já pegou muito mais meninas que eu?". E aquele sentimento o irritava , já que era amigo do baixista também. Mesmo que ele já tivesse conseguido roubar outro alvo seu , mesmo que ele fosse o popular entre as garotas , o adulto e João fosse só mais um moleque , saído do underground , sujo e barbado.
Tempo nunca é suficiente e você nunca pode largar mão de nada. João continuou andando , pedindo aos céus que chovesse e não apenas garoasse , garoa chata que apenas lhe incomodava , não chegava nem a molhar a roupa , só atrapalhava a vista e o pensamento claro. Considerou fazer uma grande bobagem à noite. Ele , que nunca tinha bebido , tencionou beber o primeiro copo de cerveja. E o segundo , e o terceiro , buscando qualquer satisfação que seus cinco dedos não tinham conseguido corresponder nos últimos dias. O gosto amargo e gelado da bebida poderiam substituir os beijos que a criança não lhe dera.
Violinos , baixo , bateria cavalar. Ele não entendia , mas aquela música lhe roubava o ar. Armou-se de pensamentos e quase voltou à escola pra dizer boas verdades à criança. Das trocas de confidências ficou a certeza de que ela era uma aprendiz de comerciante do corpo. Ou pior , fornecedora gratuita de amostras nem tão pequenas. Era uma pena , apesar de tudo , apesar de só considerá-la para o sexo , era uma boa alma. Lembrou-se então de um filme. Dizia o conselheiro. Na verdade nada é amor , nem sexo. A grande arte , assim como a vida , é sobre conflito e dor e pena e desperança e amor disfarçado de sexo e sexo disfarçado de amor.
Mas João não era cool , diria o crítico em seguida. João passaria todas as noites em casa , ele não era cool. Procuraria qualquer enredo , qualquer mínima história pra se entreter. João seria perfeito para o mundo se o mundo fosse perfeito. E saiu correndo.
Procurou através das palavras um jeito de se acalmar. Como sempre fazia , já que as palavras eram suas e ele as interpretava do jeito que quisesse. Depois percebeu que eram apenas palavras jogadas num papel. E que ninguém , além dele , além da criança ou do baixista. Não fazia diferença pra ninguém. Se ele bebesse , entrasse em coma alcóolico , virasse gay ou fosse atropelado. Tonight tonight , ninguém se importava mesmo. E como um soldado de vanguarda , avançou sem saber nem sequer importar.
sexta-feira, 12 de dezembro de 2008
Tonight Tonight
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3 comentários:
O final é muito bonito
E, apesar de estar meio mal escrito, gostei desse trecho pela idéia e pela metonímia(?)
"buscando qualquer satisfação que seus cinco dedos não tinham conseguido corresponder nos últimos dias. "
De fora isso não gostei muito do texto. Achei o tema banal e os parágrafos meio desordenados, sem um ritmo textual.
Ficou bonito sim.
Abração,MUT
fera ficou foda,mas vc precisa aprender a cifrar melhor susas intenções :D
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